Uma das reclamações mais
frequentes de residentes em cidades do porte de Turvo é a disponibilidade de
empregos. A maioria das pessoas que deixam as cidades da região central do
Paraná, dizem que o principal motivo para sair da sua cidade é a falta de opção
de trabalho. Por isto, este tema é de extrema importância quando pensamos sobre
o desenvolvimento regional. O mercado de trabalho representa a face mais
visível dos desafios que as lideranças da sociedade civil organizada e setor
público precisam enfrentar no planejamento de políticas públicas.
Neste momento, o Brasil
vivencia uma das maiores crises na geração de empregos segundo informações do
MTE - Ministério do Trabalho e Emprego, encerrando 2015 com 1,542 milhão de vagas formais perdidas sendo o
pior resultado desde 2002, início da série histórica. Para o estado do Paraná,
o resultado não foi diferente, encerrou com uma redução 75.548 vagas, porém
com um destaque para a agropecuária que fechou o ano com um saldo positivo de 3.067 postos de trabalho criados. Os
dados confirmam que a atual crise está afetando de forma diferente os diversos
setores da economia e como o município de Turvo está mais ligado ao
agronegócio, os sinais de crise também são diferentes daqueles apresentados em
outras regiões.
Através da mesma pesquisa
obtemos as informações sobre a geração de empregos formais em Turvo desde 2002
até 2015. Tivemos saldo negativo na geração de empregos em três anos da série –
2006, 2012 e 2014 – e o melhor resultado ocorreu no ano de 2002, com um saldo
positivo de 209 novos postos de trabalho. Considerando todo o período da série
histórica, o saldo acumulado de empregos formais em Turvo soma 805 vagas
criadas. Mas o resultado mais surpreendente ocorreu em 2015, pois ao contrário do que
ocorreu no Brasil e no Paraná, nosso município apresentou um saldo positivo de 97 novos postos de trabalho com carteira registrada. Superando até
mesmo a cidade vizinha Guarapuava, que no mesmo ano encerrou com um saldo de 144 vagas perdidas.
Fonte: MTE - Ministério do Trabalho e Emprego |
Se por um lado faltam
vagas para os trabalhadores locais, por outro, há empresários que reclamam da
falta de trabalhadores com o perfil adequado para as vagas oferecidas. Este
problema é normal em cidade pequena, pois a quantidade total de trabalhadores é
limitada e nem todos terão perfil adequado para preencher todas as vagas
oferecidas. Podem sobrar vendedores e faltar mecânicos, por exemplo. A solução
para este problema está no mercado de trabalho da região e, no caso de Turvo,
vários habitantes trabalham nos municípios vizinhos, como Boa Ventura de São
Roque e Guarapuava e, por outro lado, a cidade emprega trabalhadores residentes
em outras cidades. Este ajuste é normal e benéfico para o município.
É impossível propor ações
para promover o desenvolvimento da região, sem pensar sobre soluções que
aumentem a oferta de empregos. As políticas públicas têm esta função. A educação
é uma das áreas de ação direta do setor público e o município de Turvo melhorou
muito neste setor, com muitos habitantes acessando o ensino superior. Outra
opção é a geração de empregos pelo próprio setor público que em cidade pequena
tem uma importância ainda maior apesar da limitação orçamentária para esta
ação, agravada com a crise fiscal do setor público em curso neste momento por
todo o país. Desta forma, restam opções de ações com resultados indiretos sobre
o nível de emprego.
Neste sentido, o empreendedorismo
é frequentemente apontado como um verdadeiro motor para o desenvolvimento. Um
empreendedor ao montar um negócio, deixa da procura por emprego e, de quebra,
ainda pode gerar novas vagas no mercado de trabalho. Para isto o setor público
pode em parceria com a sociedade civil organizada, buscar oferecer melhorias no
ambiente econômico como forma de incentivar a geração de novos negócios no
município. Vale ressaltar que nos tempos atuais dificilmente cidades menores
conseguirão atrair grandes indústrias e o caminho é apoiar micro e pequenas
empresas e a agropecuária.
Dentre as opções de
atuação podem ser citadas: a estruturação de distritos industriais; capacitação
da mão de obra; colocar em prática os benefícios previstos na Lei
Geral da Micro e Pequena Empresa para dar tratamento diferenciado às empresas
locais em licitações do poder público; formação para empreendedores; incentivos
à agroindustrialização; desburocratização para legalização de empresas; redução
de impostos; melhoria da infraestrutura; dentre outras.
Na prática, as políticas
públicas acabam se tornando simples de executar. Não podemos confundir
incentivos às empresas com a manutenção, através de recursos públicos, de
projetos que seriam insustentáveis por conta própria. Outra opção é reduzir a
atuação governamental em todas as ações que são possíveis de execução pela
iniciativa privada. Neste sentido, a atuação estatal é mais ampla, e deve focar
os investimentos que realmente façam a diferença para o crescimento do
empreendedorismo e, por consequência, para a geração de empregos.
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