domingo, 24 de agosto de 2008

Como fazer um projeto de desenvolvimento?


Na elaboração de planos de desenvolvimento, não existe modelo único de projeto que possa ser aplicado em todos os municípios. Uma forma considerada como satisfatória é aquela em que o plano de desenvolvimento é elaborado no âmbito estadual, sendo baseado e sustentado na Microrregião, tendo os municípios como agentes executores. A dificuldade de envolver os governos estaduais, bem como conseguir um consenso mínimo entre os municípios de uma Microrregião, acabam por dificultar ou mesmo inviabilizar um projeto mais amplo, que teria por sua vez, maiores possibilidades de sucesso. Com estas dificuldades restam muitas vezes, apenas as tentativas isoladas de alguns municípios.
Partindo do pressuposto que a discussão e execução do projeto de desenvolvimento terá amplitude municipal, sendo coordenado pelo poder público municipal, através de um Conselho Municipal de Desenvolvimento, contando com a ajuda do Estado, através das empresas/órgãos sediados nos municípios, pode-se sugerir, de forma genérica os seguintes passos para a elaboração, execução e avaliação de um projeto de desenvolvimento baseado no setor rural:

Elaboração do Projeto de Desenvolvimento

O processo de elaboração de um Projeto de Desenvolvimento Municipal (PDM) deve ser o mais representativo e democrático possível, pois somente isto assegurará sua implementação, efetivação e, principalmente, a continuidade independente de quem esteja no governo. A participação popular deve ser constante, iniciando na escolha do caráter e necessidade do projeto, definição das demandas, escolha das prioridades e na execução/fiscalização do Projeto. A metodologia discutida a partir de agora será em função de aspectos diretamente ligados a questão rural.
Antes de mais nada, o poder público e/ou as organizações sociais devem provar a necessidade de um PDM, tornando este debate o mais democrático possível.

Pode-se numerar as etapas em:
1. Listar todos as entidades e organizações existentes no município, como: cooperativas, sindicatos, associações, agroindustriais, clube de lojistas. No caso da agricultura em especial, a identificação de todos os agentes que atuam no meio rural, tais como Emater, Secretaria da Agricultura, escritórios de assistência técnica, etc. são de extrema importância.
2. A participação de organizações urbanas é fundamental na medida em que estas tem peso decisivo na viabilização de recursos (públicos e privados) para a implantação do projeto, além de serem importantes agentes deste processo. A participação deste segmento pode ser conquistada através da informação e discussão dos impactos positivos no setor urbano municipal de qualquer aumento da renda do conjunto dos agricultores (novamente mostra a necessidade de extrapolar os limites de um projeto meramente rural).
3. Discutir com todos os setores a necessidade do PDM, demonstrando a situação atual da agricultura e os impactos positivos a médio e longo prazos que um plano de desenvolvimento pode trazer.
4. Criar um Conselho para o Desenvolvimento Municipal. É importante manter/criar Conselhos setoriais para discutir e elaborar políticas específicas para cada área, como Conselho Municipal da Agricultura, de Saúde, ou ainda, de Educação, o que pode ampliar ainda mais a participação da sociedade. A junção das propostas setoriais, definição de prioridades e o acompanhamento do projeto como um todo podem ser discutidos e aprovados no Conselho de Desenvolvimento.
5. É fundamental que esta discussão ultrapasse os limites da administração municipal, pois demanda muito mais tempo do que apenas 4 anos de gestão, e deve ser mantida independente de quem ou qual partido estiver dirigindo o município. Os planos plurianuais, parcialmente ou totalmente, podem e devem ser inseridos no plano de Desenvolvimento, na medida em que são traçados objetivos e metas a curto, médio e longo prazo para as ações de desenvolvimento.
6. O Conselho de Desenvolvimento Municipal deve ser o gestor do projeto, sendo responsável por toda a coordenação (elaboração, fiscalização e avaliação) do projeto. A execução é mais ampla, passando pelo poder público e pelas organizações representativas da sociedade, assim como pelo conjunto da população.
7. Realizar um estudo da realidade municipal, comparando alguns dados com as médias regionais e estaduais, buscando levantar diferentes tipos de informações. Primeiramente, deve-se buscar as informações já disponíveis para o município e região, sobre os quais serão levantadas questionamentos e traçados hipóteses.
· informações censitárias (população, êxodo, crescimento populacional, faixas de idade, desnutrição, mortalidade infantil, etc.);
· orçamento do município (fontes de arrecadação municipal, arrecadação tributaria por produto/setor, principais despesas, PIB per capita, etc.);
· principais atividades econômicas do município, geração de empregos, etc.;
· indicadores de saúde, educação, habitação e lazer dos agricultores;

Parte destas informações, ao nível municipal, normalmente estão disponíveis na Emater e prefeitura. Ao nível estadual, informações estão disponíveis no IBGE e em órgãos estaduais de pesquisa. (Paraná - IPARDES, Rio Grande do Sul - FEE e Santa Catarina - CEPA).

É importante ainda, procurar saber se existem outros estudos e pesquisas realizados no município, facilitando a fase seguinte, que é o levantamento de informações e demandas diretamente junto a população, neste caso, a população rural. Na fase de levantamento de dados a campo, deve-se buscar questionar os agricultores sobre:

· sócio-cultural: participação das mulheres e dos jovens nas decisões, divisão do trabalho e das responsabilidades da unidade de produção familiar, origem étnica, lazer, etc.;
· situação econômica dos agricultores (infra-estrutura, terra, capital, dividas, renda, etc.);
· os sistemas de produção existentes e quais são os estrangulamentos destes sistemas;
· entender os motivos das diferenças existentes entre os agricultores;
· quais são as alternativas encontradas e sendo executadas pelos agricultores;
· separação dos agricultores por sistemas de produção, tendo a renda como diferenciador entre as categorias;
· quais são os principais problemas enfrentados pelos agricultores, e se eles conseguem diferenciar as responsabilidades entre os três níveis de governo;
· quais são os “sonhos” dos agricultores. O que é uma condição sócio-econômica ideal para sua família;
· quais são as reivindicações básicas para o poder municipal, estadual e federal.

A coleta deste tipo de informações podem ser viabilizadas de 4 maneiras, dependendo dos recursos econômicos e do tempo disponível. Cada uma apresenta vantagens e desvantagens que devem ser consideradas antes da escolha da metodologia a ser adotada.

1) Realizar um censo de todos os estabelecimentos rurais.
· vantagens: demonstra a real situação econômica dos agricultores, com dados estatisticamente confiáveis; quantificação das categorias; não apresenta erros de amostra, que podem acontecer com pesquisas amostrais.
· desvantagens: necessidade de muito tempo; grande aporte de recursos; os dados são econômicos, não aparecendo informações mais subjetivas e que podem ser fundamentais na elaboração do projeto (não mostra a lógica de produção do agricultor).

2) Realizar um pesquisa amostral, entrevistando um número reduzido de agricultores (1 a 5% do total) , escolhidos aleatoriamente entre as diversas comunidades. Pode-se ainda, primeiro fazer uma separação por extrato de área e só então escolher aleatoriamente um número de entrevistados entre cada grupo de área.
· vantagens: menor tempo e menor custo; Caso opte-se por um número reduzido de entrevistas, é possível buscar informações subjetivas, extrapolando apenas informações econômicas e sociais. Isto só é possível com um número reduzido de entrevistadores.
· desvantagens: pode ocorrer erros na escolha da amostra; caso busque dados mais qualitativos, diminui a participação de um número maior de pessoas, o que pode ser interessante para estimular a participação.

3) Conversar com pessoas chaves do município (técnicos, lideranças atuais e antigas de agricultores, etc.) e fazer uma pré-classificação dos sistemas e entrevistar amostras dos representantes dos diversos sistemas, sem rigor estatístico.
· vantagens: baixo custo e menor tempo necessário; maior numero de dados qualitativos; poucas pessoas envolvidas; maior agilidade na avaliação e conclusão do estudo.
· desvantagens: problemas de erro amostral; impossibilidade de quantificação do número de agricultores por sistemas de produção; poucas pessoas participantes do processo de pesquisa e análise.

4) Conversas com lideres comunitários e realizações de reuniões nas comunidades, buscando responder às questões necessárias para o entendimento da realidade e das demandas dos agricultores.
· vantagens: muitas pessoas participando da discussão; baixo custo; rapidez na análise e nas conclusões.
· desvantagens: impossibilidade de utilizar os dados estatisticamente, não mostra a realidade e necessidade dos mais pobres, que normalmente não participam de reuniões.

Pode-se também unificar as metodologias 3 e 4 ou a 2 e 4 expostas acima, o que aumentaria a participação dos agricultores no processo inicial da pesquisa e do projeto. A participação popular também pode ser ampliada na fase de discussão dos dados e elaboração do plano de desenvolvimento. A comunicação tem um papel fundamental nesta etapa. Uma intensa campanha popular deve fazer com que a população veja o projeto como fruto de suas próprias demandas, e não como uma proposta da administração municipal, e tende a agir como estimulante para a participação popular e, consequentemente, para o sucesso da proposta. A administração municipal deve ser vista como a principal executora da proposta popular, recebendo os seus méritos, quando os fizer merecer.

Com base no levantamento dos dados a nível de campo, já tabulados, deve-se realizar diversas análises de tendências e perspectivas para alguns produtos agrícolas. Estas informações serão utilizadas tanto para traçar-se os cenários futuros como para servir de propostas econômicas alternativas para os sistemas vigentes. A agricultura sustentável, considerada como a única forma de desenvolvimento adequada ao meio ambiente e, consequentemente, a sociedade como um todo, deve ser a base da pirâmide de qualquer projeto ou proposta de desenvolvimento do meio rural.

Com os dados tabulados e analisados é possível traçar 3 cenários para o município, sendo eles:
· sem intervenção: qual deve ser a realidade dos agricultores, diferenciados em categorias, em um prazo de 5 e 10 anos, caso sejam mantidas as atuais políticas, deixando apenas o “livre mercado” agir sobre eles.
· sonhos: como deveria ser o meio rural daqui a 5 e 10 anos do ponto de vista dos agricultores. Quais são seus anseios e sonhos para uma vida melhor no campo.
· viável: frente à tendência natural do desenvolvimento e os sonhos dos agricultores, associado com as condições econômicas e estruturais à disposição do município, é possível traçar um cenário futuro, fruto da intervenção conjunta do poder público e privado.

A partir deste patamar, é necessário traçar metas a curto, médias e longas prazo, sempre baseado na realidade de desenvolvimento considerado como viável. O Conselho de Desenvolvimento Municipal (CDM) deve então elaborar propostas técnicas e econômicas para que se possa atingir os objetivos propostos.
Com mais esta etapa concluída, é necessário retornar aos agricultores, agora em reuniões com grupos ou por comunidade, buscando discutir os resultados preliminares e fazer uma síntese das propostas apresentadas durante as entrevistas, incorporadas com as propostas apresentadas pelo CDM. Desta forma é possível discutir quais serão as prioridades, bem como a distribuição das atividades ao longo dos anos. Este momento é fundamental para o andamento e sucesso do plano, por isto deve-se buscar um problema-chave capaz de unificar a maioria dos atores envolvidos na colaboração pela sua superação. Caso primeira ação tenha sucesso, as outras terão maior apoio e sustentação.

A partir dos estudos de mercado, associados aos interesses dos agricultores e da própria comunidade urbana local que poderão indicar a viabilidade ou não de projetos como a criação de agroindústrias de ação local, regional ou mesmo estadual. Os incentivos oferecidos pelo município devem ser destinados às atividades que tenham perspectivas concretas de viabilidade econômica. É necessário inclusive, discutir a participação de empresários do município em projetos econômicos no campo, através da viabilização de capital para investimento. Alternativas de industrialização não precisam necessariamente ser exclusivos dos agricultores. Muitos empreendimentos rurais, concretizados através da organização dos agricultores pode pressentir de investimentos externos ao grupo, tendo no grupo o controle e a democratização dos recursos gerados.

Execução do Projeto de Desenvolvimento

A execução do projeto é a etapa mais importante do plano de desenvolvimento, embora só terá validade se a primeira fase obtiver sucesso. A efetiva participação dos agricultores na formulação do projeto e a sua concordância em relações às conclusões e propostas é que definirão a viabilidade da concretização do plano de desenvolvimento rural.
Propostas dispersas para o setor rural, como o incentivo a construção de açudes, programas de distribuição de calcário, distribuição de sementes, entre outras práticas comuns às administrações municipais que se dizem preocupadas com a agricultura, tendem a trazer resultados pouco efetivos do ponto de vista da viabilidade e manutenção da agricultura familiar em um município.

Todas as atividades de fomento promovidas pela prefeitura, coordenada e aprovadas pelo CDM deverão estar de acordo com o projeto de desenvolvimento municipal, sendo inclusive fruto de constantes avaliações por parte da sociedade.

Discutir prioridades e definir metas são duas etapas que normalmente geram conflitos, na medida em que interesses pessoais começam a ser disputados. Do ponto de vista prático, não é viável a administração colocar toda a sua infra-estrutura a disposição do plano de desenvolvimento, mas sim, deixar uma pequena parte dela destinada a resolver problemas emergenciais e conjunturais do município, que normalmente precisam ser solucionadas rapidamente, caso contrário, pode comprometer todo o plano traçado.

Avaliação do Projeto de Desenvolvimento

Uma vez definidas as políticas e os prazos para a execução, começa a fase de fiscalização e avaliação do projeto. Esta fase, que normalmente é colocada em segundo plano, tem uma função primordial para o sucesso de um plano de desenvolvimento municipal. Primeiro, a avaliação dos rumos do projeto deve ser constante. Nenhum projeto de desenvolvimento pode ser considerado acabado e eterno. Reavaliações dos rumos e das metas devem ser constantes para que o projeto possa se adequar à realidade e a fatos conjunturais, mais em nenhum momento pode perder o caráter inicial e estratégico de desenvolvimento a que se propõe. A fiscalização também não pode ser vista como uma função externa ao projeto, mas como parte integrante e comprometida com os objetivos do projeto de desenvolvimento. O processo de avaliação deve contar com a participação do próprio Conselho de Desenvolvimento Municipal, associada com a participação da sociedade. O processo de avaliação deve basear-se nas metas propostas para cada período, associados com resultados concretos para os agricultores. A avaliação deve ser realizada sempre comparando os cenários apontados anteriormente caso não existisse nenhuma intervenção e o considerado como viável com os recursos e propostas apontados no projeto.


sábado, 16 de agosto de 2008

Associação dos Hortifrutigranjeiros de Turvo-PR

História da Associação dos Hortifrutigranjeiros de Turvo






Numa das iniciativas coletivas mais duradouras e de sucesso na história do município de Turvo, a Associação dos Hortifrutigranjeiros completou 30 anos de atividades no dia 10 de Agosto. O texto a seguir foi extraído de uma monografia de conclusão de curso da Unicentro, de Jerônimo Gadens do Rosário, e descreve um histórico da associação desde a fundação, em 1978 até o ano de 2006.

Durante o levantamento do histórico da Associação, o autor concluiu que a Associação dos Hortifrutigranjeiros de Turvo teve sua criação no final da década de 70 devido, principalmente à preocupação com o êxodo rural e com a falta de oportunidades para os pequenos agricultores que levou o então padre do distrito de Guarapuava e atual município de Turvo, João Adolfo Barendse, a buscar recursos (financeiros e humanos), visando desenvolver projetos junto aos agricultores. Foi assim que ele conheceu um casal de voluntários, os agrônomos BernardoHackvort e Inêz Hackvort que foram enviados ao município e iniciaram um trabalho de discussão e busca de alternativas para os pequenos agricultores. Nesse sentido, fizeram reuniões em prol da fundação da Associação.


Como resultado do esforço deste trabalho, a primeira ata do que então seria a Associação foi realizada em 24 de julho de 1978, e no dia 10 de agosto de 1978 foi fundada a Associação dos Hortifrutigranjeiros de Turvo, a qual contou com 21 sócios fundadores. A partir de então foram realizadas as primeiras reuniões nas casas dos próprios associados e, posteriormente, a entidade foi instalada em sua primeira sede: uma sala de propriedade da Igreja Católica, sala essa que foi mobiliada com doações de móveis dos associados e a pintura foi realizada através de um mutirão entre os próprios associados.

As primeiras atividades desempenhadas pela Associação foram organizar feiras para a comercialização dos produtos dos associados bem como a busca por viabilidade econômica e social da criação de frangos e plantação de verduras, onde o papel principal da Associação era ser responsável pela comercialização nas feiras, hospitais e supermercados da sede do município ao qual Turvo na época pertencia, ou seja, Guarapuava-PR. A entidade era responsável também pela venda de insumos como pintinhos e ração para a avicultura, cuja produção era encaminhada à sede da Associação por meio de carroças puxadas por cavalos, mas em Janeiro de 1979, para escoar a produção, foi adquirido o primeiro veículo da entidade. Algum tempo depois se organizou um abatedouro de frangos para facilitar a comercialização do produto.

Em 1979, foi organizada a chamada Festa do Lavrador, que viria a ser realizada outras vezes com grande sucesso. E no final de 1979, a entidade, devido ao aumento da produção dos associados, adquire um caminhão. Nessa mesma época surgem idéias da transformação da Associação numa Cooperativa de pequenos produtores, mas que acabou não se concretizando devido não se apresentar viável aos interesses da entidade.

No início de 1980, foi cogitada a hipótese de implantação de criação de suínos junto aos associados, o que não se firmou como uma importante atividade. Na metade do mesmo ano, a Associação conseguiu uma doação do Sr. Paulo Naiverth: um terreno junto à PR 460, km 41, de aproximadamente 30.000 m2, o que se tornaria a nova sede da entidade. A limpeza do terreno foi realizada em forma de mutirão pelos associados. Doações de palanques foram obtidas e buscou-se financiamento para a instalação de luz elétrica. Posteriormente, houve outra doação de mais uma área menor, do Sr. Raul Rickli, para melhor distribuição geográfica da Associação.


Nos anos seguintes, firmou-se as atividades da Associação, projetos junto à CEBEMO (Agência de Cooperação da Igreja Católica Holandesa), viabilizaram o crescimento da entidade, o início da construção da sede, a aquisição de veículos, de máquinas e diversas outras importantes aquisições. No decorrer das atividades da Associação existiram fontes financeiras diversas complementadas com receitas próprias. Diversas entidades e organizações foram de extrema importância para a consolidação e fortalecimento da Associação, com a CEBEMO, ACT (Organização da Cooperação Internacional Belga), Governo do Estado e financiamentos junto a instituições financeiras.
No início de 1982, a entidade se associa à COAMIG (Cooperativa Agropecuária Mista de Guarapuava), a qual já realizava trabalho em parceria com a Associação. Na metade do mesmo ano surgem várias crises na produção de frango e vários são os problemas apontados como causa, dentre eles questões administrativas.

No final de 1983, surgem as primeiras idéias cogitando a produção de leite pelos associados, porém esta hipótese não foi levada adiante naquele momento.


Foi no início de 1984 que a sede própria da entidade foi concluída, sendo realizada a primeira reunião em 26 de março de 1984. Foi esta Sede que proporcionou sustentação ao crescimento da entidade, propiciando a instalação de máquinas, como secador e descascador, que viriam a incrementar os serviços prestados pela entidade a seus associados.

A instalação de uma seção de consumo, no final de 1986, incrementou as receitas da Associação. Esta seção tratava-se de um mercado que comercializava produtos alimentícios em geral, gerando uma boa fonte de renda, sendo mais tarde construídos entrepostos com a mesma finalidade nas comunidades de Faxinal da Boa Vista, Passa Quatro e Saudade Santa Anita, respectivamente. Porém, dos entrepostos somente o de Faxinal da Boa Vista se tornou viável à atividade, existindo até hoje junto com a Seção da sede. Na sede se tornou numa atividade rentável chegando a ganhar uma instalação própria em 1992, no terreno da sede da Associação, permanecendo desta forma até hoje.

Outras atividades também foram desempenhadas pela entidade como nas áreas da saúde e educação. Na saúde, foram desenvolvidos projetos relacionados à homeopatia e plantas medicinais. Na educação, foram criados clubes de mães, os quais elaboravam cursos para as mulheres nas comunidades. Na área da saúde foram recebidas verbas da entidade ACT da Bélgica, posteriormente tais atividades foram transferidas para o Sindicato Rural dos Trabalhadores, onde são desenvolvidas até hoje.

A criação da Fundação Rureco, em 1986, no município de Turvo (a qual tem sua sede atualmente na cidade de Guarapuava), auxiliou no desenvolvimento da Associação. Tanto a Rureco como a EMATER-PR (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural) funcionavam nas instalações da Associação. A Rureco auxiliou ao buscar verbas junto à ACT, ao elaborar parcerias e chegou a fornecer empréstimos diretos à Associação. A Secretaria Estadual da Agricultura disponibilizou um caminhão no início de 1988 para o uso da Associação.


Além das atividades relacionadas à produção de frango e verduras em geral, a Associação incentivou a produção de porcos, cebola, mel, feijão, etc. em diferentes épocas de seu funcionamento.

Desde 1982 a atividade de produção de frango enfrentou dificuldades, mas somente na metade de 1988 iniciou-se os trabalhos visando à produção de leite como alternativa de geração de renda para os associados, em 1989 o leite efetivamente se tornou uma importante aposta para os mesmos. Primeiramente, já existiam alguns produtores que escoavam sua pequena produção pela COAMIG, a qual mantinha uma linha de leite na PR 460. Foi a partir de então que a Associação iniciou a coleta nas comunidades próximas, repassando à COAMIG, que transportava da sede da entidade até Guarapuava, a qual repassava 10% sobre o frete para a Associação.


No início eram duas linhas de captação do leite, com 15 produtores, produzindo 196 litros/dia, já em 1991 somavam 40 produtores produzindo 800 litros/dia. Foi então que se adotaram políticas visando à ampliação das linhas de leite existentes e à criação de novas linhas, o que fez com que a produção atingisse 1900 litros/dia já em 1992. Os primeiros problemas na produção de leite, ocorreram devido às questões técnicas, tais como o leite ácido, questões de higiene no manuseio, alimentação do gado leiteiro, a falta de assistência técnica, etc.


A coleta do leite, no início, foi realizada com uma camionete Toyota, depois um pick-up F-75, posteriormente um caminhão agrícola "Jerico". Em 1992 adquiriu-se uma F-4000, e hoje conta com três caminhões a granel para a coleta e uma F-4000 terceirizada para a coleta dos galões.

O mais significativo problema enfrentado pela Associação relacionado à atividade do leite ocorreu no final de 2004, período em que a entidade entregava sua produção ao Laticínio Bandeirantes, o qual detinha uma unidade armazenadora no terreno da Associação, e que por problemas financeiros não repassou o valor referente a dois meses de entrega de leite, o que totalizou R$ 450 mil de débitos junto à entidade, valor que acabou bancado pela Associação. Como parte da dívida a Associação recebeu a unidade armazenadora de leite do Laticínio Bandeirantes, estimada, na época, em R$ 200 mil. Após alguns meses de tentativas de cobrança, a Associação recebeu mais R$ 75 mil, e o restante da dívida não foi ressarcido. Tal prejuízo desestabilizou financeiramente a Associação nesse período sendo necessário buscar financiamentos junto ao Banco do Brasil que complementado com recursos próprios da entidade cobriu todo o valor referente à produção desses dois meses, não incidindo sobre os associados tal prejuízo, o que deu grande credibilidade para a entidade.

No decorrer das atividades envolvendo a produção de leite, a entidade evoluiu e se fortaleceu, possuindo hoje quatro caminhões que coletam leite em 12 linhas, envolvendo diversas localidades do município de Turvo, Guarapuava, Pitanga e Boa Ventura de São Roque, onde, em média, 300 produtores entregam sua produção para a Associação, sendo 225 associados à entidade. A entidade possui também uma unidade armazenadora do leite em sua sede, onde um caminhão da cooperativa CONFEPAR (Cooperativa Central Agroindustrial Ltda) faz a coleta diariamente.

O número de produtores varia no decorrer do ano, sendo que nos períodos de maior produção atinge 340 produtores e nos períodos do ano menos propícios à produção esse número baixa significativamente.

Atualmente a Associação possui um barracão com área de 989,86 m2, mista alvenaria e madeira, construído em 1980; uma edificação referente a salas diversas com área de 169,40 m2, em alvenaria, construído em 1984; um mercado na sede da Associação, com área de 310,88 m2 em alvenaria, construído em 1992; uma farmácia veterinária e escritório com área de 93 m2 em alvenaria, construído em 1992; um mercado na localidade de Faxinal da Boa Vista com área de 150 m2 em alvenaria, construído em 1992; um caminhão da marca Voskwagen, modelo VW 12.140, ano 1987, cedido em forma de comodato pela CEASA/PR (Centrais de Abastecimento do Paraná S.A.); um caminhão tanque da marca Ford, modelo F-4000, ano 1993; um caminhão tanque da marca Voskwagen, modelo VW 13.190, ano 2002, adquirido via financiamento junto a Cresol, e seu tanque via comodato com a Prefeitura Municipal de Turvo recebido do MDA (Ministério de Desenvolvimento Agrário); um caminhão tanque da marca Ford, modelo Cargo, ano 2004, e seu tanque, ambos em comodato com a CONFEPAR.

A entidade possui também um terreno no imóvel Faxinal dos Rodrigues, com 4.576 m2; um terreno na localidade de Faxinal da Boa Vista, com cerca de 3.630 m2; e o terreno de sua sede em Turvo-PR com uma área de aproximadamente 30.000 m2.

A entidade possui atualmente 13 funcionários. Com esta equipe, a Associação tem trabalhado arduamente para proporcionar não somente a possibilidade da permanência dos produtores de leite em suas propriedades bem como tornar a atividade rentável do ponto de vista econômico, gerando renda e melhoria na qualidade de vida dos agricultores familiares.