Experiência que converte a fiação elétrica em rede multisserviços vai durar um ano
A Copel
está iniciando os testes de desempenho da tecnologia PLC (iniciais de power line communications), que converte a fiação de
energia elétrica em meio físico para conexão com sistemas de comunicações e
telecomunicações em banda larga. Nesta primeira semana de abril, foram
conectados os dez primeiros usuários - de um total de 300 - que integram o
grupo de amostragem da experiência, conduzida na cidade de Santo Antônio da
Platina, região do Norte Pioneiro, distante 370 km de Curitiba. Eles poderão
navegar pela internet com conexões de 10 Mbps (megabites por segundo),
capacidade superior às alternativas hoje existentes no mercado.
Gradativamente, serão conectados ao longo do
mês de abril os demais usuários que já se cadastraram voluntariamente para
participar do projeto piloto. Esses usuários, domiciliados no trajeto das redes
elétricas que foram equipadas para, além de eletricidade, transportar sinais
digitais de imagem, som e dados, terão a incumbência de, durante um ano,
monitorar e avaliar criticamente o desempenho da tecnologia, produzindo relatórios
periódicos para a Copel.
Nesse sistema, a energia elétrica e os sinais
digitais de voz, imagem e dados compartilham o mesmo condutor,
possibilitando transformar qualquer
tomada elétrica do imóvel (seja ele uma casa, escola, comércio ou fábrica) também
num ponto de conexão para internet em
banda larga, telefone e TV a cabo.
Inclusão
No final de março, a Copel promoveu uma
demonstração pública do funcionamento do sistema PLC durante a Exposição Feira
Agropecuária Comercial e Industrial do Norte Pioneiro, realizada em Santo
Antônio da Platina. O vice-governador Orlando Pessuti participou da abertura do
evento e foi conhecer a novidade, fazendo elogios ao seu aspecto socializante.
"É um avanço porque tudo isso pode ir para dentro das escolas, das empresas
comerciais, industriais, residenciais e de todos os lugares que forem
necessários", disse.
E essa é, segundo o presidente da Copel,
Rubens Ghilardi, a principal virtude e a maior vantagem do sistema PLC:
universalizar o acesso da população aos recursos de telecomunicações e à
internet. "O grande objetivo da experiência que está sendo iniciada pelo
Governo do Paraná, por intermédio da Copel, é a possibilidade real de ser
decretado definitivamente o fim da exclusão digital no Estado com a universalização
dos serviços de telecomunicações, tal como já ocorre com a eletricidade",
comenta o presidente. "A tecnologia PLC também poderá democratizar o
acesso da população a esses serviços, aumentando a concorrência e servindo de
alternativa às companhias que monopolizam as telecomunicações no Brasil,
contribuindo para baratear os preços cobrados".
Economia
Uma estratégia que a Copel já considera para
o futuro é cobrar pelo acesso à internet pelo uso efetivo que o usuário fizer
do serviço, tal como acontece com o consumo de eletricidade. "Hoje, o
usuário paga um preço determinado pela capacidade e velocidade da sua conexão,
não importando se ele a utiliza bastante, pouco ou quase nada", descreve
Orlando César de Oliveira, coordenador do projeto de PLC da Copel. "Imaginamos
ser perfeitamente possível implantar um sistema de cobrança mais justo, que
leve em conta a utilização real e efetiva do internauta".
Nas simulações feitas pelo coordenador, a
modificação na forma de cobrança pode resultar numa redução à metade dos preços
cobrados hoje pelos sistemas convencionais de conexão. "Isso fará do
sistema PLC uma modalidade de conexão bastante acessível e extremamente
competitiva dentro do mercado de telecomunicações no futuro", adianta
Orlando.
Regulamentação
Embora relativamente recente, a tecnologia
PLC vem se difundindo rapidamente em outros países e já dá seus primeiros
passos para se instalar também no Brasil.
Há poucos dias, o conselho diretor da Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações) aprovou a regulamentação que irá
disciplinar a exploração das telecomunicações por rede elétrica no país,
construída aproveitando contribuições de diversas empresas -- entre elas a
Copel, que em 2001 realizou a primeira experiência com a tecnologia no Brasil,
testando-a em 50 domicílios de Curitiba. "Essa regulamentação aumenta
nossa confiança de que a conexão por rede elétrica é uma aposta acertada que o
Paraná e a Copel estão fazendo com olhos no futuro, seja como ferramenta para
promover a inclusão social e digital, seja como uma nova oportunidade de
negócios", avalia o presidente Rubens Ghilardi.
Inédito
O projeto que a Copel está iniciando em Santo
Antônio da Platina é inédito no Brasil pela sua abrangência e, também, por não
fazer distinção de segmentação: os testes irão contemplar o desempenho da
tecnologia por diversos tipos de público e em diferentes graus e situações de
uso. Experimentalmente, 300 unidades consumidoras da cidade terão durante um
ano acesso gratuito à novidade, mediante o compromisso de monitorar, avaliar,
acompanhar e relatar continuamente para a Copel o seu funcionamento.
O grupo de amostragem foi formado buscando
representar o universo dos diferentes tipos de unidades consumidoras atendidos
pela empresa. Já a escolha da cidade foi definida segundo critérios de porte
(não poderia ser um grande centro), configuração técnica das redes de
distribuição de energia (que atendessem a uma grande variedade de ligações num
único circuito), fazer parte do anel principal de fibras ópticas da Copel e ter
disponibilidade de técnicos das áreas de distribuição de energia e de
telecomunicações da empresa.
Nessa experiência, a Copel está investindo R$
1 milhão na aquisição dos equipamentos (modems e amplificadores, adquiridos
mediante processo de licitação pública de um fabricante sueco), que estão em
fase final de instalação.
Como funciona
O PLC
é uma tecnologia através da qual os sinais de telecomunicação utilizam o mesmo
meio físico que a energia elétrica. Como os sinais de comunicação e de energia
têm frequências diferentes (alta para os de comunicação e baixa para os de
energia), eles podem compartilhar o mesmo meio físico sem interferências entre
si. Ou seja, além de eletricidade, uma tomada pode fornecer acesso a diversos
outros serviços - como internet em banda larga, por exemplo.
A tecnologia consiste em instalar um modem
PLC conhecido como "master" na rede elétrica secundária da baixa
tensão que, por sua vez, se comunica com outros modems instalados em qualquer
tomada daquele mesmo circuito, possibilitando velocidades de transmissão de até
200 Mbps segundo informações dos fabricantes. Aos seus modems, os usuários
conectam computadores ou telefones IP (internet protocol) via cabo ou wi-fi
(rede sem fio). As redes elétricas secundárias se interligam a redes primárias
de fibras ópticas da mesma forma que nas tecnologias ADSL das operadoras de
telefone ou Cable Modem das TVs a cabo.
O grande benefício do PLC é permitir a utilização de redes elétricas já existentes, sejam
as redes públicas ou a instalação elétrica interna dos domicílios, reduzindo os
custos de implantação e solucionando o maior desafio na universalização do
acesso da população à internet de banda larga - a chamada "última
milha", que é o trecho que liga a rede de fibras ópticas ao consumidor
final. Além disso, o PLC poderá permitir que outras operadoras possam concorrer
com o monopólio privado criado a partir da desestatização do Sistema Telebrás,
instalando a competição, aumentando a oferta e contribuindo para a redução de
preços dos serviços de telecomunicações.
Publicado em 09.04.09 no site da Copel.
Fonte: Copel