História da Associação dos Hortifrutigranjeiros de Turvo
Numa das
iniciativas coletivas mais duradouras e de sucesso na história do município de
Turvo, a Associação dos Hortifrutigranjeiros completou 30 anos de atividades no
dia 10 de Agosto. O texto a seguir foi extraído de uma monografia de conclusão
de curso da Unicentro, de Jerônimo Gadens do Rosário, e descreve um histórico
da associação desde a fundação, em 1978 até o ano de 2006.
Durante o
levantamento do histórico da Associação, o autor concluiu que a Associação dos
Hortifrutigranjeiros de Turvo teve sua criação no final da década de 70 devido,
principalmente à preocupação com o êxodo rural e com a falta de oportunidades
para os pequenos agricultores que levou o então padre do distrito de Guarapuava
e atual município de Turvo, João Adolfo Barendse, a buscar recursos
(financeiros e humanos), visando desenvolver projetos junto aos agricultores.
Foi assim que ele conheceu um casal de voluntários, os agrônomos BernardoHackvort e Inêz Hackvort que foram enviados ao município e iniciaram um
trabalho de discussão e busca de alternativas para os pequenos agricultores.
Nesse sentido, fizeram reuniões em prol da fundação da Associação.
Como resultado
do esforço deste trabalho, a primeira ata do que então seria a Associação foi
realizada em 24 de julho de 1978, e no dia 10 de agosto de 1978 foi fundada a
Associação dos Hortifrutigranjeiros de Turvo, a qual contou com 21 sócios
fundadores. A partir de então foram realizadas as primeiras reuniões nas casas
dos próprios associados e, posteriormente, a entidade foi instalada em sua
primeira sede: uma sala de propriedade da Igreja Católica, sala essa que foi
mobiliada com doações de móveis dos associados e a pintura foi realizada
através de um mutirão entre os próprios associados.
As primeiras atividades desempenhadas pela Associação foram organizar feiras para a comercialização dos produtos dos associados bem como a busca por viabilidade econômica e social da criação de frangos e plantação de verduras, onde o papel principal da Associação era ser responsável pela comercialização nas feiras, hospitais e supermercados da sede do município ao qual Turvo na época pertencia, ou seja, Guarapuava-PR. A entidade era responsável também pela venda de insumos como pintinhos e ração para a avicultura, cuja produção era encaminhada à sede da Associação por meio de carroças puxadas por cavalos, mas em Janeiro de 1979, para escoar a produção, foi adquirido o primeiro veículo da entidade. Algum tempo depois se organizou um abatedouro de frangos para facilitar a comercialização do produto.
Em 1979, foi organizada a chamada Festa do Lavrador, que viria a ser realizada outras vezes com grande sucesso. E no final de 1979, a entidade, devido ao aumento da produção dos associados, adquire um caminhão. Nessa mesma época surgem idéias da transformação da Associação numa Cooperativa de pequenos produtores, mas que acabou não se concretizando devido não se apresentar viável aos interesses da entidade.
No início de 1980, foi cogitada a hipótese de implantação de criação de suínos junto aos associados, o que não se firmou como uma importante atividade. Na metade do mesmo ano, a Associação conseguiu uma doação do Sr. Paulo Naiverth: um terreno junto à PR 460, km 41, de aproximadamente 30.000 m2, o que se tornaria a nova sede da entidade. A limpeza do terreno foi realizada em forma de mutirão pelos associados. Doações de palanques foram obtidas e buscou-se financiamento para a instalação de luz elétrica. Posteriormente, houve outra doação de mais uma área menor, do Sr. Raul Rickli, para melhor distribuição geográfica da Associação.
Nos anos seguintes, firmou-se as atividades da Associação, projetos junto à CEBEMO (Agência de Cooperação da Igreja Católica Holandesa), viabilizaram o crescimento da entidade, o início da construção da sede, a aquisição de veículos, de máquinas e diversas outras importantes aquisições. No decorrer das atividades da Associação existiram fontes financeiras diversas complementadas com receitas próprias. Diversas entidades e organizações foram de extrema importância para a consolidação e fortalecimento da Associação, com a CEBEMO, ACT (Organização da Cooperação Internacional Belga), Governo do Estado e financiamentos junto a instituições financeiras.
No início de 1982, a entidade se associa à COAMIG (Cooperativa Agropecuária Mista de Guarapuava), a qual já realizava trabalho em parceria com a Associação. Na metade do mesmo ano surgem várias crises na produção de frango e vários são os problemas apontados como causa, dentre eles questões administrativas.
No final de 1983, surgem as primeiras idéias cogitando a produção de leite pelos associados, porém esta hipótese não foi levada adiante naquele momento.
Foi no início de 1984 que a sede própria da entidade foi concluída, sendo realizada a primeira reunião em 26 de março de 1984. Foi esta Sede que proporcionou sustentação ao crescimento da entidade, propiciando a instalação de máquinas, como secador e descascador, que viriam a incrementar os serviços prestados pela entidade a seus associados.
A instalação de uma seção de consumo, no final de 1986, incrementou as receitas da Associação. Esta seção tratava-se de um mercado que comercializava produtos alimentícios em geral, gerando uma boa fonte de renda, sendo mais tarde construídos entrepostos com a mesma finalidade nas comunidades de Faxinal da Boa Vista, Passa Quatro e Saudade Santa Anita, respectivamente. Porém, dos entrepostos somente o de Faxinal da Boa Vista se tornou viável à atividade, existindo até hoje junto com a Seção da sede. Na sede se tornou numa atividade rentável chegando a ganhar uma instalação própria em 1992, no terreno da sede da Associação, permanecendo desta forma até hoje.
Outras atividades também foram desempenhadas pela entidade como nas áreas da saúde e educação. Na saúde, foram desenvolvidos projetos relacionados à homeopatia e plantas medicinais. Na educação, foram criados clubes de mães, os quais elaboravam cursos para as mulheres nas comunidades. Na área da saúde foram recebidas verbas da entidade ACT da Bélgica, posteriormente tais atividades foram transferidas para o Sindicato Rural dos Trabalhadores, onde são desenvolvidas até hoje.
A criação da Fundação Rureco, em 1986, no município de Turvo (a qual tem sua sede atualmente na cidade de Guarapuava), auxiliou no desenvolvimento da Associação. Tanto a Rureco como a EMATER-PR (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural) funcionavam nas instalações da Associação. A Rureco auxiliou ao buscar verbas junto à ACT, ao elaborar parcerias e chegou a fornecer empréstimos diretos à Associação. A Secretaria Estadual da Agricultura disponibilizou um caminhão no início de 1988 para o uso da Associação.
Além das atividades relacionadas à produção de frango e verduras em geral, a Associação incentivou a produção de porcos, cebola, mel, feijão, etc. em diferentes épocas de seu funcionamento.
Desde 1982 a atividade de produção de frango enfrentou dificuldades, mas somente na metade de 1988 iniciou-se os trabalhos visando à produção de leite como alternativa de geração de renda para os associados, em 1989 o leite efetivamente se tornou uma importante aposta para os mesmos. Primeiramente, já existiam alguns produtores que escoavam sua pequena produção pela COAMIG, a qual mantinha uma linha de leite na PR 460. Foi a partir de então que a Associação iniciou a coleta nas comunidades próximas, repassando à COAMIG, que transportava da sede da entidade até Guarapuava, a qual repassava 10% sobre o frete para a Associação.
No início eram duas linhas de captação do leite, com 15 produtores, produzindo 196 litros/dia, já em 1991 somavam 40 produtores produzindo 800 litros/dia. Foi então que se adotaram políticas visando à ampliação das linhas de leite existentes e à criação de novas linhas, o que fez com que a produção atingisse 1900 litros/dia já em 1992. Os primeiros problemas na produção de leite, ocorreram devido às questões técnicas, tais como o leite ácido, questões de higiene no manuseio, alimentação do gado leiteiro, a falta de assistência técnica, etc.
A coleta
do leite, no início, foi realizada com uma camionete Toyota, depois um pick-up
F-75, posteriormente um caminhão agrícola "Jerico". Em 1992
adquiriu-se uma F-4000, e hoje conta com três caminhões a granel para a coleta
e uma F-4000 terceirizada para a coleta dos galões.
O mais
significativo problema enfrentado pela Associação relacionado à atividade do
leite ocorreu no final de 2004, período em que a entidade entregava sua
produção ao Laticínio Bandeirantes, o qual detinha uma unidade armazenadora no
terreno da Associação, e que por problemas financeiros não repassou o valor
referente a dois meses de entrega de leite, o que totalizou R$ 450 mil de
débitos junto à entidade, valor que acabou bancado pela Associação. Como parte
da dívida a Associação recebeu a unidade armazenadora de leite do Laticínio
Bandeirantes, estimada, na época, em R$ 200 mil. Após alguns meses de
tentativas de cobrança, a Associação recebeu mais R$ 75 mil, e o restante da
dívida não foi ressarcido. Tal prejuízo desestabilizou financeiramente a
Associação nesse período sendo necessário buscar financiamentos junto ao Banco
do Brasil que complementado com recursos próprios da entidade cobriu todo o
valor referente à produção desses dois meses, não incidindo sobre os associados
tal prejuízo, o que deu grande credibilidade para a entidade.
No
decorrer das atividades envolvendo a produção de leite, a entidade evoluiu e se
fortaleceu, possuindo hoje quatro caminhões que coletam leite em 12 linhas,
envolvendo diversas localidades do município de Turvo, Guarapuava, Pitanga e
Boa Ventura de São Roque, onde, em média, 300 produtores entregam sua produção
para a Associação, sendo 225 associados à entidade. A entidade possui também
uma unidade armazenadora do leite em sua sede, onde um caminhão da cooperativa
CONFEPAR (Cooperativa Central Agroindustrial Ltda) faz a coleta diariamente.
O número
de produtores varia no decorrer do ano, sendo que nos períodos de maior
produção atinge 340 produtores e nos períodos do ano menos propícios à produção
esse número baixa significativamente.
Atualmente a Associação possui um barracão com área de 989,86 m2, mista alvenaria e madeira, construído em 1980; uma edificação referente a salas diversas com área de 169,40 m2, em alvenaria, construído em 1984; um mercado na sede da Associação, com área de 310,88 m2 em alvenaria, construído em 1992; uma farmácia veterinária e escritório com área de 93 m2 em alvenaria, construído em 1992; um mercado na localidade de Faxinal da Boa Vista com área de 150 m2 em alvenaria, construído em 1992; um caminhão da marca Voskwagen, modelo VW 12.140, ano 1987, cedido em forma de comodato pela CEASA/PR (Centrais de Abastecimento do Paraná S.A.); um caminhão tanque da marca Ford, modelo F-4000, ano 1993; um caminhão tanque da marca Voskwagen, modelo VW 13.190, ano 2002, adquirido via financiamento junto a Cresol, e seu tanque via comodato com a Prefeitura Municipal de Turvo recebido do MDA (Ministério de Desenvolvimento Agrário); um caminhão tanque da marca Ford, modelo Cargo, ano 2004, e seu tanque, ambos em comodato com a CONFEPAR.
A entidade possui também um terreno no imóvel Faxinal dos Rodrigues, com 4.576 m2; um terreno na localidade de Faxinal da Boa Vista, com cerca de 3.630 m2; e o terreno de sua sede em Turvo-PR com uma área de aproximadamente 30.000 m2.
A entidade possui atualmente 13 funcionários. Com esta equipe, a Associação tem trabalhado arduamente para proporcionar não somente a possibilidade da permanência dos produtores de leite em suas propriedades bem como tornar a atividade rentável do ponto de vista econômico, gerando renda e melhoria na qualidade de vida dos agricultores familiares.
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